domingo, 14 de setembro de 2008

Alguém, por favor, diga a ela...

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

(Vinicius de Moraes)



Alguém, por favor,
Diga a ela do meu sofrer
Diga o quanto penso nela
Com meu corpo e minha alma
Inclinados numa existência magoada
Onde tudo chama – tão somente – por ela
Diga que tenho medo do vento
Das distâncias, do inverno
Enfim, medo das coisas que passam
E levam algo que queríamos pela vida inteira


Diga que a menor lembrança dela
Arranca-me da cama antes do sono
E ao meu mundo desarruma no completo caos

Fale que nunca a esqueci
Por jamais tentar tirá-la de mim
Pois tenho todos os gestos e jeitos dela
Guardados na memória das minhas manhãs de sempre
Fale que vivo um feio rascunho de existência
Desde que ela se vestiu de despedida
E que enlouqueço em delírios
Tentando refazer o gosto daqueles lábios
Em bocas que não me selam a respiração
Nem tampouco me acariciam serenamente os ombros nus

Alguém, por favor,
Diga a ela que meu coração adoeceu
De tanto fantasiar o regresso
Com ela cada dia mais minha
Transfigurada e perdida em mim
De tal bruta forma que me violasse
Até os pensamentos mais secretos
E as inspirações obscenas do corpo

Diga que sinto falta e esperança
De uma maneira extraordinariamente burra
De algo que não tenho
E talvez nunca mais tenha
Porém, é dela a ausência
E aceito tê-la mesmo em forma de saudade
Peça a ela que me perdoe
Por amá-la mais do que posso
Ou do que devo amar
E de querê-la na intensidade de uma eternidade
Quando só tenho o tempo breve de uma vida

Alguém, por favor,
Diga a ela do meu desespero
Mas não fale suavemente
Fale como um ator que recita Shakespeare
Frente uma platéia barulhenta
Para que a rua ouça
Para que o bairro ouça
Para que a cidade ouça
E se puder, por favor,
Para que o mundo inteiro ouça.


.
(Allan Castro)


P.S.:Para a pior e melhor coisa que aconteceu na minha vida...

.
Paz&Bem.


Round Midnight - Miles Davis

9 comentários:

Joris disse...

ela tem sorte. É só o q eu posso dizer..
muito lindo. *----*~ adoro tudo que você escreve.

E como já disse antes, essas musicas são otimas. =*

fike bem. =*

E te vi sim. =D mas achei ki tu naum lembrava de mim, por isso naum falei direito com vc. x_x

Jéssica Amorim disse...

primeiro deixa eu te dizer que fiquei feliz por ter te visto. [2]
Segundo, deixa eu dizer que odeio o PIC por ter me feito me 'esconder' numa sala, enqt você estava a alguns passos de mim e de minhas per-gun-tas. x_x

"vontade de ser mais próximo teu =/"
Saiba que isso é tão recíproco que não sei como explicar e expressar. E muito do meu desejo está nas entrelinhas do seus textos. Sinto que te incomodo às vezes, com perguntas e cartas, preferindo assim, ficar quietinha no lugar.


Espero que meu depoimento te explique umas coisinhas. :**

Jéssica Amorim disse...

E comentando mais sobre esse texto. Gostei da forma que você deixou explícita a sensação e a sua colocação no caso.

Quiser conversar. :*

jujuba disse...

caramba, primeiro vinicius e aí sua versão do sentimento...

vc fala com a mesma beleza do vinicius, mas dá pra sentir que é uma outra emoção que voce retrata! belíssimo, como sempre!!!

beeeijo, rapaz! nunca pare de se expressar!

Joris disse...

que nada! :D
Sem problemas tamanho de comentário.
E esse poema que vc tá escrevendo vai ser o proximo a ser postado? *-*

Espero tbm te ver mais e conversar mais com vc... ^Você é do tipo de pessoa que eu acho interessante.. e pode me passar coisas boas.

bjo. =*

Joris disse...

ahhhhhhhhhhhhhhhr. O_O
eu NÃO ACREDITO QUE VC JOGA FORA!!!

não. >_< deixa guardadinho. T_T~


=*

Dinnah disse...

Miles Davis. eu lembro disso.

Ah, meu poeta, eu chorei taaanto, taaanto lendo isso!
Nem consigo descrever a emoção que eu deveras sinto.
nem acredito que foi pra mim, por mim. que tu sentes saudade, posso te dizer que compreendo, pos sinto um mesmo, mesmo sendo um amor tão proibido, tão julgado.
a forma que tu passou foi o que me encantou.
sinto saudades do ombro mais nu, e do beijo mais doce.
quem sabe um dia, na estação da vida, eu possa descer do metrô e você possa está lá no banco, do lado do cara com sorvete, e eu com um vestido branco, e você com seus colares de enfeite, há me esperar.
Porque eu vou viu Allan.
eu vo.
beijo meupoeta :*

Dinnah disse...

Peço que diga a ele, que não se machuque, não se torture, não se faça coisa nenhuma de ruin, Diga a ele, aí, nessa carta, que ela tenha certeza de quanto o amo, e que mesmo longe eu estou o tempo todo ao seu lado.
Pois nosso amor teve um feliz passado, e um mistério futuro, ainda não desvendado, mas que um dia, certamente, se revelará.
e diga a ele, não esqueça, que me ligue, sempre que precisar.

Dinnah disse...

*ele