segunda-feira, 22 de dezembro de 2008


Distante
Um horizonte que não avisto
O longe mais sumido
Que fica há uma distância perdida
Por sobre o Mar do amar
E eu na beira sem saber nadar
Apenas balançava a palma de uma das mãos
E apertava os olhos já salgados
Tentando vencer...
O Distante.

Eu chorava alguém distante
Entretanto, quis a vida que um novo amor
Chegasse-me silencioso pra perto
E dissesse-me:
‘Me dá teu coração por um instante?’

Uma mulher
- Dessas que sorri e faz sorrir -
Chegou-se a mim
E sem mais motivos
Tocou-me a mão
Aproximou-me a boca
E ensinou-me que há horizontes
Que só podem ser vistos
De olhos fechados.
.
Allan Castro
.
Obs.:Depois de um tempinho, voltando...
.
P.S.:Um novo amor...novas inspirações.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008



Meu corpo desfalece.
Estremeço, porém rapidamente inclino a fronte diante da tua
Sinto que meus olhos adormecem em ti...
Quanto de mim não cabe na mão que ajeita teu cabelo?
E quanto de mim não se vai ao vento que descobre teu sorriso?

Como um cego na corda bamba do picadeiro
Eu caminho a teu lado
Estou suspenso
Estou enorme
Estou infinito
Mas ao mesmo tempo, é você ao meu lado
E estou minúsculo
Simplesmente estou ali
Então, caminho e caminhamos.
Tenho o desejo crônico de dizer-te:
Vem, minha flor... Minha mais-querida...
E depois de suavemente pegar-te a mão
Atravessar a rua sem mais perigos
Sentindo-me Orfeu a te resgatar da morte.

Desvio um pouco o rosto do vento
Que insiste em inundar-me com teus aromas
Mas de muito amor
Fecho os olhos
Alargo os pulmões
E te recebo em festa...

Que bobo eu me tornei!
Que desgraça esse estado da alma... A Paixão!
Em algum momento eu te encontrei
E me perdi de mim mesmo
Porém, eu continuo ao teu lado
Enquanto você ri e comenta coisas sobre a cidade
Teu rosto mira o meu
Eu baixo o olhar e busco uma distração qualquer no chão
Tu pesas uma eternidade por sobre as minhas costas
Meu corpo desfalece.
Estremeço, porém rapidamente inclino a fronte diante da tua
Sinto que meus olhos adormecem em ti...
Sinto que meus olhos adormecem em ti...
E sinto que meus olhos adormecem em ti.


.
(Allan Castro)

Se Todos Fossem Iguais a Você - Baden Powell

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Canto da miséria

Se Deus é por nós, quem será por eles?

Não há beleza
Não há canção
Não há alegria
Não há coração

Não há dia
Não há tarde
Não há Sol
Não há alarde

Não há Poesia
Não há Céu
Não há poetas
Não há nem ao menos Deus

Mas se Deus é por nós, quem será por eles?

Só há uma camisa imunda
Um olhar de todo triste
Uma esperança moribunda
Uma paciência que desiste

Só há o oco da barriga
O vazio na matéria
A mão de quem grita
A boca que desespera

Só há um homem
Só há um bicho
Ambos têm fome...
Ambos comem lixo


E se Deus é por nós, quem será por eles?


(Allan Castro)

P.S.:Quem?

sábado, 27 de setembro de 2008

Antes...

Vem, meu amor

Antes que seja tarde
Antes que tudo acabe
Antes do vazio lá de fora
Antes e bem depois de agora

Antes que o Sol ilumine
As manhãs com desgosto
Antes que haja muita luz
E nenhuma estrela no meu rosto

Antes da pontual solidão
Que chega depressa demais ao coração
Sem tempo para frio ou calor
Sem dizer se é de amizade ou de amor

Antes que a canção cale
E peçam que eu nada fale
Antes do beijo triste na fotografia
E das lágrimas inundarem meus dias

Antes do improviso na despedida
Tentando não chorar após tua partida
E de tão sozinho pela vida
Eu te considere já esquecida

Antes que a vida seja somente dor
Antes que eu desista de olhar pela porta do coração
E de te esperar com um longo sorriso de “enfim”
Antes que eu não seja tão forte
Antes dos dias
Dos meses
Dos anos...
Da morte.

Vem, meu amor
Antes do luar que outrora foste e foi
Para que na vida possa haver
Um antes
Um durante
E quem sabe, meu amor,
- Repito: quem sabe -
Um depois.

(Allan Castro)


P.S.:Com medo que a morte seja mais rápida que o amor.

#Foto.:Fábio Correia (trabalho designer)

_Paz&Bem.
__Inútil.

Introduçao Ao Poema Dos Olhos - Baden Powell

sábado, 20 de setembro de 2008

Se te nego



Se te nego
Posso não ter culpa,
Cansei de fechar os olhos
E beijar tua boca muda

Volto pra casa bem depressa,
Tão logo eu sou saudade,
Carrego um buquê de estrelas
Mas preferes o chão da cidade

Tu que sempre me encerra
Em seu breve aplauso,
Enquanto eu te ofereço
As rosas que caem sobre meu palco

Se te nego
Tenho minha razão:
Vai chegar o fim do mês
E, enfim, a solidão

Já nem ligo, pois acostumei te ver assim,
Em silêncio me negando
E quando você notar
Outra já vai está me amando

Foi pra você todo amor,
E se não era, eu inventei,
Você me segurava no solo
Mas em você eu voei

E a cama outrora tão pequena
De repente cresceu
E onde dorme teu corpo
Perderam-se os carinhos meus

Se te nego
Você se faz de morta
Deixo você com a novela
E chorando fecho a porta.
.
(Allan Castro)
.
P.S.:Letra de uma canção minha com a parceria do multi-instrumentista, professor de música e meu amigão de sempre, Marcos Gomes. Depois de muitas conversas e garrafas de vinhos, resolvemos levar a sério nosso projeto musical. Em breve, se tudo correr bem, estaremos nos apresentando pelos bares da cidade e fora dela. Fizemos umas mini-apresentações por alguns lugares e foi muito prazeroso. Tomara que dê certo esse quarteto de mpb, ou como o tenho chamado "Quarteto Maldito". ;D
.
_Paz&Bem!
.
__Inútil.


Tua Imagem - Raphael Rabello

domingo, 14 de setembro de 2008

Alguém, por favor, diga a ela...

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

(Vinicius de Moraes)



Alguém, por favor,
Diga a ela do meu sofrer
Diga o quanto penso nela
Com meu corpo e minha alma
Inclinados numa existência magoada
Onde tudo chama – tão somente – por ela
Diga que tenho medo do vento
Das distâncias, do inverno
Enfim, medo das coisas que passam
E levam algo que queríamos pela vida inteira


Diga que a menor lembrança dela
Arranca-me da cama antes do sono
E ao meu mundo desarruma no completo caos

Fale que nunca a esqueci
Por jamais tentar tirá-la de mim
Pois tenho todos os gestos e jeitos dela
Guardados na memória das minhas manhãs de sempre
Fale que vivo um feio rascunho de existência
Desde que ela se vestiu de despedida
E que enlouqueço em delírios
Tentando refazer o gosto daqueles lábios
Em bocas que não me selam a respiração
Nem tampouco me acariciam serenamente os ombros nus

Alguém, por favor,
Diga a ela que meu coração adoeceu
De tanto fantasiar o regresso
Com ela cada dia mais minha
Transfigurada e perdida em mim
De tal bruta forma que me violasse
Até os pensamentos mais secretos
E as inspirações obscenas do corpo

Diga que sinto falta e esperança
De uma maneira extraordinariamente burra
De algo que não tenho
E talvez nunca mais tenha
Porém, é dela a ausência
E aceito tê-la mesmo em forma de saudade
Peça a ela que me perdoe
Por amá-la mais do que posso
Ou do que devo amar
E de querê-la na intensidade de uma eternidade
Quando só tenho o tempo breve de uma vida

Alguém, por favor,
Diga a ela do meu desespero
Mas não fale suavemente
Fale como um ator que recita Shakespeare
Frente uma platéia barulhenta
Para que a rua ouça
Para que o bairro ouça
Para que a cidade ouça
E se puder, por favor,
Para que o mundo inteiro ouça.


.
(Allan Castro)


P.S.:Para a pior e melhor coisa que aconteceu na minha vida...

.
Paz&Bem.


Round Midnight - Miles Davis

sábado, 6 de setembro de 2008

Não valeu à pena, amor.

- Já sei de tudo!
Na linha, uma voz feminina, trêmula, parecia não conseguia dizer mais nada. O coração estava enorme, obstruía e esmagava as cordas vocais, calando-a...

- Já sabe de quê?
O instinto canalha normal a certos homens falara por ele querendo dar-lhe tempo de formular desculpas, enredos para alguma história digna da confiança dela, mas ele sabia a dor que desencadeara...

-Já sabe de quê? Insistiu ele. Pensou em chamá-la de “meu amor”, mas faltou-lhe mentira para isso...

Houve um silêncio curto e profundo, porém dado o instante, o silêncio pareceu longo e barulhento, no mínimo, ensurdecedor.

Céus, como grita e se arrasta o silêncio em momentos assim!

Ela flutuava descrente da dor que sentia, não sabia onde doía mais, toda ela era uma ferida mergulhada em álcool caseiro e tinha a impressão de estar numa realidade onde o amor jamais existira. No intimo, praguejou da amiga fiel que lhe contara minutos antes da festa na noite passada e dos beijos que seu amado derramou numa boca que não foi a dela. Tinha numa mão o telefone e na outra a mão da amiga colada à sua, numa firmeza de quem segura alguém que não se quer ver cair... Se existia algo que ela amava naquele momento, era aquela mão e aqueles olhos que sofriam uma dor a dois.
Amiga fiel até doer...

- Carol, me fala o que está acontecendo. É algo sério ou mais uma das suas crises de ciúmes sem razão?

Coitado dele: sentia uma culpa esmagadora dessas que faz o homem perder o rumo. Era um imbecil imaturo, fraco no amor, traíra todas as namoradas e tinha orgulho de tal proeza na rodinha de amigos, mas em alguns momentos, nesses que o homem se desfaz da sua mediocridade crônica, sentia que era bem menor que todas as mulheres de sua vida e por isso, covardemente, traía.

- Ricardo, eu sei de tudo sobre a festa. Você me... – as lágrimas interromperam as palavras, impossível tê-las ao mesmo tempo, mas ele havia entendido...

- Carol, aquilo foi... Me desculpa! Clamou.

- Espero que tenha valido a pena – Estranho, mas, ela sentiu que era sincera e que, agora, tinha pena dele.

- Não diga isso! Suplicou-lhe o infiel.
As palavras dela fizeram com que ele procurasse nas lembranças o rosto feminino da noite passada, mas lembrou-se apenas de um canto escuro e da música alta.

- Isso nunca mais vai acontecer! Disse ele com um ar de quem vai morrer. Ainda tinha esperança de salvar os noves meses que estivera junto dela.

- eu sei... Adeus – disse ela desligando o telefone.

Acabou-se o amor nela.













Ele ainda com o telefone junto da orelha vacilou e quase chorou. Quase.

“Tum... Tum... Tum” gemia o telefone solitário junto à orelha.

Um coração culpado e sozinho na linha, ainda sussurrara:
- Não valeu à pena, amor.

Tum... Tum... Tum...

(Allan Castro)

_Paz&Bem!
__Inútil.
Pieces (Piano Instrumental) - LArc~en~Ciel

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Chuva aos vinte

Ele estava muito bem sentado no banco do ônibus. Na verdade, estava quase deitado, aproveitando que no assento ao lado não havia ninguém. Olhava as casas passando ligeiras pela janela de vidro com um lado aberto, deixando uma brisa invadir seus cabelos e alma. Mantinha o ar calmo e reflexivo já tão conhecido por seus amigos e tão odiado por sua mãe, que vivia a reclamar do jeitão “bicho-grilo” do filho, aliás, pensava nela naquele momento: Como dizer que foi rejeitado em mais uma entrevista de emprego? Qual a melhor forma de fazê-la crer que, tal o filho do vizinho e outros conhecidos dela, ele também iria conseguir uma independência financeira? Não sabia! Procurou não pensar nisso num assento de ônibus, quando estivesse em casa, mais especificamente no seu quarto, seu mundo atual, pensaria nas aflições divididas com a mãe.

Depois de alguns instantes, cansou da vista na janela, puxou um livro da mochila e pôs-se a folhear; aquilo não era leitura, era mais um passatempo, uma tentativa de esquecer as palavras ditas por uma senhora com cara de bruaca, que foi bem clara quanto à incapacidade dele para exercer qualquer cargo naquela maldita empresa... Teve vontade de fazer como antigamente e passar o dia dentro dos ônibus indo de terminal em terminal, observando as pessoas nuas de fingimentos, submersas na rotina e no anonimato, mas sentia-se cansado para reviver antigas loucuras.

Lembrou-se de um tempo que ele bebia vinho e tocava violão numa roda de recém conhecidos na beira do mar. Um tempo irresponsável, vagabundo, errante e indeciso, enfim... Feliz.

Guardou o livro e as lembranças na mochila, definitivamente aquele livro não o estava fazendo bem, suas páginas deram-lhe a nostalgia, e aos vinte anos isso não é nada bom.

Pronto.

Voltou ao tempo presente onde era preciso crescer e entristecer.

Era preciso escancarar o mundo e conseguir um lugar ao Sol... Que pena... Ele queria mesmo era banhar-se na chuva.




(Allan Castro)

#Foto editada por mim! ;D

_Paz&Bem.

__Inútil.



Sete Cordas - Raphael Rabello

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Trabalhadores*

Eu olhava a cidade da altura que meus olhos ditavam.

Sobre o cimento a matéria traía-se; a dureza da massa, misturada pelas mãos acostumadas ao infortúnio e à enxada maltratada, erguia moradas à custa de corpos que descansavam exaustos sob a sombra amarela de um trator.

Homens se misturavam ao preto do asfalto, tampando buracos pra que a cidade seguisse na sua desordem diária.

Havia tanta poesia naqueles braços firmes batendo o chão, pelejando o pão da cria que, hora daquelas, soltava pipa numa rua qualquer, toda esquecida dos esforços patriarcais, sem saber que a vida já lhe reservava o mesmo itinerário.

O que nos separava era a fina película de um vidro que expunha mundos divergentes numa mesma rua... Meu pai acelerou o carro e seguimos em frente... Mas de alguma forma permaneci ali, extasiado, dividindo o cansaço de uma vida que não era a minha.

Depois dali, parei de admirar os heróis da TV, tão ridículos em seus uniformes preenchidos pelo o ócio e pelos músculos; que do alto dos prédios, governam com seus super poderes e suas vidas repletas de “super”, e passei a venerar aqueles cujos uniformes frouxos sobre a carcaça, denunciavam as mazelas de sempre, os quais o olhar só me falava de Sol e poeira numa existência somente aliviada no fim do mês com o mínimo de alento financeiro, um salário-mínimo.

Numa casa improvisada nos fundos, vivem suas vidas improvisadas.

Homens que só trabalham.

Gigantes que ninguém enxerga.

Trabalham apesar da dor.

Trabalhadores.

(Allan Castro)


*Um olhar mais demorado sobre a cidade!
.
#Foto.:Murilo Carlos
.
_Paz&Bem!
__Inútil.

The Shadow of Your Smile - Baden Powell

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Existir às vezes doí...


Existir às vezes me dói.

Seja no fim da tarde,

Seja no fim da festa,

Existir às vezes me dói...

Tal qual uma pedrada na testa.

(Allan Castro)
.
P.S.:Uma vez li que a dor é necessária para o desenvolvimento de todo e qualquer Ser humano, mas me pergunto: O que a dor desenvolve, além dela mesma e do sofrer?
.
#Foto.:Marta Ferreira
.
_Paz&Bem
.
__Inútil

Solitario - Baden Powell

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Poeta, um louco acordado sem pernas


A poesia
Gritou-me no papel
Saltou da caneta
E acordou meus pensamentos
Que dormiam numa cama sem espelhos
Empurrou-me da janela do PENSAR
Quebrei as pernas em prosopopéias
E logo depois de cair,
Enlouqueci!

A poesia
Moldou-me curto por fora
E infinito por dentro!
Não posso mais andar
Pois o chão - sensato e imóvel - repudia meus sonhos
Caminho sozinho entre risos extravagantes
Que me soam falsos de puerilidade
E quem me nota na rua com meus passos não-ensaiados
Julga-me estranho e triste
Mas, minha alma já está pra lá destas calçadas... Sorrir!

A poesia
Resumiu minha existência em estrofes
Onde as rimas diziam-me
Um louco acordado sem pernas,
Que por ser louco, sonhava
Que por estar acordado, escrevia
E por não ter pernas, voava!

A poesia e o poeta vieram até mim
E não soube mais como existir
Sem as letras e a beleza
Logo, não sou mais somente eu
E sim, algo entre mim e o poema...
Transfiguração?
Onipresença?
Delírio?
Não!
Simplesmente,
Poeta,
Um louco acordado sem pernas.

(Allan Castro)

P.S.:Após escrever este texto, senti-me aliviado tal uma mãe que, após um longo e dolorido trabalho de parto, abraça a cria vitoriosa. Obrigado à todos pelas leituras!
.
Foto.:Caio César (obrigado pela foto que veio tão bem ao texto)
.
_Paz&Bem!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Maldito Tempo...


Instantes
Amontoado de tic-tac circulares
Saltando do meu braço num estralo
E fixando nas paredes o amarelado
Momentos estes que tornam tudo perecível
Envelhecem a boca roubando-lhe os dentes
E rasgam a roupa do amor
Com a qual me visto e vou às festas
Trajando meus retalhos novos recobrindo os antigos
- Alguns ainda doem sob a estampa fina –

Então o tempo escurece o amor
E o escuro traz o sono
Dorme o coração aberto
E quem se ama, demora pelas noites,
Acostumou-se ao vazio da cama
E ninguém mais nota que as paredes continuam amarelas
Mas o sorriso já não é o da fotografia que enfeita a sala
Pois o tempo banalizou as emoções
Que enchiam a casa de alegria

O Tempo deu sentido à fotografia
E tirou o que eu sentia
Perdão pelo relógio, querida
Que hoje, por você,
Bate mais forte que meu coração.

Maldito tempo...
Já estás longe
E eu nada sinto

Maldito tempo...
Recomeço a busca pelo amor
E costuro mais um retalho
Onde até ontem
Chamei de...Você!


(Allan Castro)

*"Umbó" pro teatro?
__Teatro José de Alencar - Série Fora de Hora
Da paixão sobre borboletas – Uma história desconstruída. Solo do ator Murillo Ramos a partir de texto de Caio Fernando Abreu. Um história de amor e loucura. 22h30 no porão - r$ 5 (estudante) e r$ 10,00
* por conta do horário, indicado para maiores de 18 anos

#Foto.:Angelgard

_Paz&Bem!

__Inútil.

Violão Vadio (Baden Powell) - Yamandu Costa

domingo, 10 de agosto de 2008

Sentes também?


A saudade é uma casa vazia
com
Paredes repletas de fotografias...

A saudade é distância,
Tanto
Que devia se chamar:

S __A __U __D __A __D __E!


(Allan Castro)

Pedaço de Mim - Chico Buarque

sábado, 9 de agosto de 2008


sensibile

Estava lá, rabiscado no papel
Esquecido no banheiro do cursinho:
“Não te amo mais”
Era pra mim?...
Não!
Mas me afetaram os sentidos
Tanto que dei pra sentir as dores
Como se eu fosse o esquecido.

O ócio não oscilou
E a noite se encheu com a novela
Gritou a mocinha para o ladrão:
“Fica comigo e deixa essa arma no chão”
Foi pra mim?...
Não!
Mas fiquei mais puro
Como se eu fosse o ex-vilão.

Do lado de lá da rua
Uma mulher berrava uma perda:
“A bala achou a menina antes da Lua”
Era eu?...
Não!
Mas chorei no asfalto
Um vazio me pegou pela mão
Como se eu fosse a infeliz mãe.

A TV ligada no “ao vivo”
Transmitia um drama esportivo:
“Quebrou o joelho e não vai para as Olimpíadas”
Era eu?...
Não!
Mas meus ossos cansaram
Senti algo de estar quebrado
Como se eu fosse o atleta arruinado.

Um dia, enquanto escrevia
Disseram-me ao pé do ouvido:
“Para de escrever e faz algo de útil”
Foi pra mim?...
Sim!
Contraí o coração e preferi nada sentir
Pois sou uma janela de frente pro mar...
Numa casa de cegos.

(Allan Castro)

*Novas palavras para o seu vocabulário inútil:
-debalde = adv., em vão;baldadamente
-resignar = v. tr., renunciar a; demitir-se de; abdicar de; exonerar-se;
_Paz&Bem!
__Inútil.